O Momento Atual e os Valores – Ética e Moral

“No mundo contemporâneo o estilo de vida entrou em crise. Os valores da modernidade, as tradições, as crenças e as formas de conduta se relativizaram. Essa relativização aconteceu por causa do avanço do progresso do pensamento e do conhecimento técnico e científico. Vivemos numa época onde as instituições e os códigos sociais e morais não podem mais determinar os modos de vida”. (Michel Aires de Souza).

Esta semana me vi frente a uma discussão sobre valores. Em uma emissora de grande repercussão foi mostrado uma reportagem de um assaltante mantendo como refém uma senhora idosa. Na tentativa de resolução a polícia militar atirou e matou o assaltante que mantinha a idosa como refém. Foi no meio da rua, ainda bem que a senhora saiu ilesa. Será que a polícia não conseguiria outra solução? Será que foi preciso tantos tiros quanto ouvi?

A população aplaudiu e gritou euforicamente. Também vi outro caso onde um segurança bate em um cachorro e este veio a morrer logo após. Neste caso foi movido ocorrência policial, o segurança foi preso e responderá pelos atos. Na mesma rede de notícias vi sobre o assalto a uma agencia bancária onde foram feitos reféns, de uma mesma família e na troca de tiros morreram.

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Nas organizações denúncias de trabalho infantil ou escravo, processos de produção indevidos, processos financeiros e administrativos duvidosos, ou a fortes danos ao meio ambiente, e isso vem influenciando a decisão de compra das pessoas. Para alcance dos resultados tudo se torna possível.

Bom, aí ficam as dúvidas. Acredito que ainda falta muito para a humanidade se conscientizar, de um modo geral, se divertem nas redes criando boatos e divulgando charges, criando o divertido sem consciência e preferem bang-bang, e a inúmeras discrepância entre crimes e “conceitos” sobre direitos, ética e moral. De que lado estamos?

Neste exato momento estamos comemorando 70 anos dos Direitos Humanos. Conhecem este documento? É possível interpretá-lo de forma única, ou cada situação cabe uma interpretação diferenciada?  Os direitos humanos são direitos que são garantidos à pessoa pelo simples fato de ser humana. Assim, os direitos humanos são todos direitos e liberdades básicas, considerados fundamentais para dignidade, para uma sociedade mais justa e fraterna.

Por estes casos citados e por divergências de interpretações jurídicas e ou até mesmo regionais, subjetivas, é que este assunto de direitos humanos deve ser melhor divulgado, debatido e definido ou redefinido de como proceder. Inverte-se os valores e instala-se a crise!

As instituições, família, a escola, a igreja e o estado que tem o papel de orientar e construir valores éticos e morais, alienam-se do seu papel. Acredito que estamos vivendo uma crise ético-moral sem precedentes. Os princípios religiosos, as leis, os códigos morais e até mesmo as lições escolares passam a contribuir para um padrão moral que corresponde a ideologia dominante, o consumismo, já citado por Daniel Pennachionni, (Mágoas de Escola, escritor francês, Prêmio Renaudot de 2007 e ex-professor). Hoje predomina a falcatrua acintosa ou velada, o jeitinho brasileiro, a vantagem, seja de que maneira for, do emparelhamento estatal e do enfraquecimento das convicções da convivência solidária. Não existe a eliminação de valores, mas a sua substituição por outro: O interesse público deu lugar aos interesses pessoais levados pelo egoísmo, a violência passa a ser vista como algo normal e aceitável, a corrupção se torna moda, manchete, cria heróis. Esta generalização das trocas de valores fez com que a honra, à dignidade e o respeito pelo outro, como me ensinou meu pai, já não possuem sentidos de valor.

Parece que o mundo vive a cultura do hedonismo, isto é, do culto do prazer e da satisfação imediata dos desejos. A vida para os espertos é mais valorizada do que a dos honestos, vira modelo de sucesso, de manchete, a impunidade prevalece.  Não é, portanto, de surpreender a instalação da crise ética na qual estamos mergulhados. Diz Oliveira (2005):

Importante ressaltar que os humanos adultos que na maioria são trabalhadores e/ou gestores, possuem o dever de proteger e conservar a empresa, prezar por sua perenidade por meio de ações efetivamente corretas e não mascaradas, sejam eles financeiros ou de marketing. A empresa e seus gestores devem ser respeitosas com o consumidor e com a sociedade. Sem dúvida que se esta parte cumprir seu papel, a sociedade terá modelo para seguir, verá instituições sendo espelho da ética e da moral para reflexão dos seus aprendizados e procedimentos. Estamos vivendo um momento onde a imagem da transparência e da honestidade deve ser refletida nas ações.

Portanto, citando Djalma Falcão, podemos e devemos iniciar a marcha para um momento fecundo de renovação humanitária.

Willer Ferreira do Amaral-Administrador. Mestre em Administração Pública pela Escola de Governo. Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Consultor organizacional e sócio diretor da JMáximo Consultoria Empresarial Ltda. Professor universitário.

Bibliografia.

OLIVEIRA, Paulo Eduardo – Sala de Aula: espaço de vivência ética. Revista Educação Martista, Curitiba. Ed Universitária Champagnat, Ano V, nº 10, 2005.

Falcão, Djalma. Crise-de-valores-na-sociedade-atual. Juntamente com Terezinha casal–Presidente Nacional da Escola de Pais do Brasil. Geofísico, Economista, Mestre em Família na Sociedade Contemporânea pela Universidade Católica de Salvador, Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. 10-12-2018 13:29.

TAILLE,Yves de La; MENI, Maria Suzana de Stefano (Orgs). Crise de Valores ou valores em crise? – Porto Alegre, ed Artmed, 2009.